quarta-feira, 8 de abril de 2009

Roberto Marinho: definição categórica de mídia e poder

Não se pode conceber uma análise sobre mídia e política no Brasil do século XX sem que um nome seja mencionado: Roberto Marinho. O magnata das comunicações brasileiras teve uma influência palpável nos rumos políticos e culturais do país, estabelecendo-se próximo dos governantes dos degraus mais altos da esfera administrativa e manipulando (termo amplamente usado para se referir a Marinho) a opinião pública para adequá-la aos fins pretendidos pelo stablishment.

Nascido em 1904, Marinho herdou de seu pai, Irineu Marinho, a administração do jornal "O Globo". Depois de adquirir rádios, que se tornaram líderes de audiência, adquiriu concessões de televisão ainda nos governos Jânio Quadros e João Goulart, mas foi durante a ditadura militar que as chamadas Organizações Globo realmente se expandiram. Nesse período, fez um acordo ilegal com a americana Time-Life (hoje Time Warner), que depois foi considerado legal pelo presidente Costa e Silva, e ainda se envolveu em uma notória tentativa de impedir a vitória de Leonel Brizola para o Governo do Rio, o caso Proconsult.
Mais tarde, ignorou pelo maior tempo possível as pressões populares pelas eleições diretas. Teve cobertura tendenciosa da greve dos metalúrgicos do ABC, em 1979, e deliberadamente deu mais de um minuto a mais no debate entre Lula e Collor, ocorrido 1989, no segundo turno das eleições presidenciais. O debate foi editado para dar uma óbvia vantagem ao alagoano, que foi eleito.

Por essas e outras atividades eticamente contestáveis, o canal inglês Channel Four produziu em 1993 o documentário "Muito além do Cidadão Kane", sobre o trabalho de Marinho. O filme foi proibido no Brasil, mas acabou sendo divulgado com a democratização da tecnologia de mídia. Roberto Marinho morreu em 2003, aos 98 anos, deixando um legado impressionante de sucessos como empresário e controversas linhas editoriais.

Matéria da Folha de São Paulo feita em 2003 sobre Marinho: http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u52057.shtml

2 comentários:

  1. Quero parabenizar a equipe pelo seminário. Acredito que não havia representação melhor de Robeto Marinho como o Kane brasileiro.

    Dayane - Dejávi

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  2. À Dayane, nosso muito obrigado.

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